Trajetória do xilógrafo J.Borges está em exposição no Museu do Pontal
A retrospectiva da obra do mestre da xilogravura brasileira
J.Borges está disponível ao público na exposição O Sol do Sertão, que vai até o
dia 25 de março de 2025, no Museu do Pontal, no Rio de Janeiro. A mostra inicia
neste sábado (29), às 14h30, e é inteiramente gratuita para o público.
Segundo o curador e diretor-executivo da exposição, Lucas Van de
Beuque, o museu fez uma longa pesquisa em cima dos acervos e coleções do
artista, de 88 anos, espalhados no Brasil. “A gente vai expor ao público essa
trajetória, desde os primeiros estudos de cordéis que ele fez até as últimas
obras, como a Sagrada Família, que foi dada ao Papa Francisco no ano passado
pelo presidente Lula, representando a arte popular do Brasil, e a obra O
coração na mão, que ele fez recentemente e é um grande sucesso”, disse Van de
Beuque à Agência Brasil.
Para fazer a pesquisa, os curadores foram à casa e ao ateliê de
J.Borges, na cidade de Bezerros (PE), onde o artista nasceu no dia 20 de
dezembro de 1935 e permanece até hoje. Também foram usados livros e biografias
que foram escritos sobre o artista.
O curador destacou que J.Borges pode ser incluído entre os
maiores artistas vivos brasileiros hoje. “Ele tem obras expostas desde o Museu
Louvre, de Paris, na França, espalhadas em museus no Brasil e coleções
privadas. Já fez algumas exposições nos Estados Unidos, na França, na Alemanha,
Suíça, Itália, Venezuela e Cuba, com uma trajetória muito ampla”.
Suas xilogravuras ganharam admiradores de peso, como o escritor
Ariano Suassuna. O artista tem vários prêmios, como a comenda da Ordem do
Mérito Cultural, o prêmio da Organização das Nações Unidas para a Educação, a
Ciência e a Cultura (Unesco) na categoria Ação Educativa/Cultural e o título de
Patrimônio Vivo de Pernambuco. Ilustrou também a capa de livros de escritores
como Eduardo Galeano e José Saramago, inspirou documentários e o desfile da
escola de samba Acadêmicos da Rocinha, em 2018.
Para Lucas Van de Beuque, J.Borges é uma pessoa do seu tempo,
atenta ao que acontece no mundo e ao que as pessoas se interessam. Ao mesmo
tempo, é alguém muito ligado ao seu caminho e ao que está querendo propor. “Não
é algo circunstancial. Ele tem compromisso com o Nordeste, com o cordel, com
esses valores nordestinos de um jeito de viver que é muito relevante para ele.
É muito forte essa forma de viver”.
Até hoje não tinha sido feita uma exposição sobre J.Borges que
falasse sobre toda a sua trajetória, englobando acervos privados e públicos. O
curador destaca, em especial, a primeira xilogravura que o artista fez em 1964,
iniciando sua produção para a capa do segundo cordel que escreveu. “Ali nasce
também o nome J.Borges. Porque o nome completo dele (José Francisco Borges) não
cabe na xilo. Esse testemunho está também na exposição”.
Exposição
A exposição ocupa grande parte da galeria principal do Museu do
Pontal, as duas galerias do mezanino, o saguão e um painel de 24 metros
quadrados. São 200 obras, um mini documentário sobre a vida e obra do artista e
uma linha do tempo, além de um conjunto de 50 matrizes mostrando como foram
feitas as xilogravuras.
A mostra será inaugurada durante o Festival Junino do museu, que
acontece no sábado (29) e domingo (30). O público poderá adquirir, a preços
populares, uma obra do xilogravurista na lojinha que será montada durante a
festa, semelhante à que existe em Bezerros